quinta-feira, 19 de novembro de 2020

2011. O recomeço em novos ares, com novos desafios e o ápice no mundo das franquias

Entramos no ano de 2011, deixei a poeira baixar e em janeiro retomamos o planejamento de abrir uma unidade em São Paulo, capital, exatamente em um shopping de grande fluxo, com foco nas classes A e B. Continuei a minha vida normalmente, quando no mês de março recebo uma ligação de três candidatos na mesma semana, querendo saber mais sobre a franquia, pois ambos tinham visto fotos do negócio na internet e se interessaram em saber mais. Dois eram do Rio de Janeiro, capital, e um de Campo Grande, MS.

É engraçado quando acreditamos em algo que ainda ninguém fez, isso faz com que a teimosia em voltar a passar, talvez, pelos mesmos problemas, não seja uma pedra no caminho para dizermos: “Não, assim eu não quero mais!” Mas como eu acredito que posso fazer a diferença, atendi todos eles em uma reunião, em nosso escritório na Av. Paulista, e contei tudo o que tinha acontecido, desde o momento que resolvemos abrir a primeira unidade com o mix de bijuterias, lá em 2009, até aquela data.

Eu não sei se sou um bom contador de histórias, um motivador, uma espécie de líder, só sei que após a reunião com cada um, as expressões foram as mesmas: “Caraca, disseram os cariocas, que história. Isso dá um livro!.” Na sequência, a decisão entre eles foi unânime: “Estamos dispostos a encarar com você e fazer com que a coisa cresça e se espalhe por todos os estados brasileiros. Estamos com você, e pode acreditar que vamos fazer a diferença”.

Fechando a última reunião do dia com a franqueada do MS, a Tati e eu nos olhamos diretamente e respondemos praticamente juntos: “Vamos encarar, eles entenderam os riscos e assinaram embaixo que querem correr junto com a gente, acredito que não haverá problema”, encerrou a Tati.

Na semana seguinte, negociamos com o principal shopping de Campo Grande, MS, e mais dois shoppings de grande fluxo no Rio de Janeiro, capital, com classes sociais parecidas. Começamos a formatar as três unidades de uma só vez, todos os passos detalhados, seguindo os manuais de operação que tínhamos criado, através da nossa experiência no varejo e a ajuda de alguns consultores de mercado.

A primeira unidade a inaugurar foi a de Campo Grande, MS, modelo de franquia quiosque. Foi um estouro na cidade, sucesso total, faturamento

acima do previsto, lucratividade no primeiro mês de operação. Sem esquecer que estávamos no início de 2011, meados de abril.

A segunda unidade foi um pouco mais complicada por ser um modelo de loja, diferente do modelo atual, mas com conceito para o shopping de público cultural muito forte, na cidade maravilhosa. Como não tínhamos a experiência que temos hoje, na gestão de um projeto estrutural, contratamos uma arquiteta de São Paulo, de um escritório que já estava acostumado com esse dia a dia muito louco, que é o de obra em shopping center.

Enquanto isso, a franquia do quiosque do segundo shopping, na cidade do Rio de Janeiro, estava quase pronta para inaugurar. Era uma quinta-feira, perto do mês de junho, quando o franqueado da loja do Rio de Janeiro me ligou e me perguntou se eu poderia estar no shopping naquela semana, para falarmos sobre alguns detalhes da obra. Eu, como de costume, prontamente agendei com ele.

Chegando lá, nos encontramos em um café, próximo à loja e começamos a conversar. Ele me parecia um pouco angustiado, desanimado, mas pronto a soltar o que estava lhe apertando o coração. Eu, percebendo o movimento, fui ficando apreensivo e disse a ele logo de imediato: “Aconteceu algo que eu não estou sabendo?” Ele diretamente respondeu: “Sim, algo de muito grave!” Na sequência, eu soltei: “Me diga sem rodeio o que houve!”

“Tessarini”, disse o franqueado, “Sabe a arquiteta que você me indicou?” “Sim”, respondi! “Então, ela me pediu que eu depositasse na conta dela todo o valor do projeto e da obra, que ela administraria por lá. Como foi você que indicou eu depositei”. Eu, aliviado, disse-lhe: “Sim, onde está o problema?” E ele diretamente me respondeu: “O escritório faliu e ela não tem dinheiro para continuar com o processo junto à loja!”

Depois de uns cinco minutos com o “coração a 350km/h” respirei, deixei a vista desembaçar e pedi para ele me dar uns quinze minutos para pensar no que tinha acontecido e que precisava dar uma volta no shopping para refletir. Tenho certeza que quando levantei ele pensou: Esse aí vai sumir também e não vai voltar mais, tô ferrado! Saí por alguns minutos para respirar e planejar o que poderia fazer, no intuito

de resolver aquele problema e inaugurar aquela loja, que por sinal, já tinha uns cinco ou seis interessados aguardando a inauguração, para fechar negócio conosco.

Liguei para a Tati e contei a história, mas já com uma solução dada: “Vamos pedir para ele apresentar todos os comprovantes de pagamento e mostrar tudo o que foi feito até o momento na loja, que eu vou pagar para finalizar e inaugurarmos em grande estilo”, pois confiava que a cidade do Rio de Janeiro poderia ser uma vitrine para o restante do país. A Tati prontamente assinou embaixo e ficou na torcida para que tudo se resolvesse da melhor forma possível. Mas antes de voltar à história vamos pular para a franqueada de Campo Grande, MS.

A unidade estava completando três meses de operação com extremo sucesso. Quando eu voltei do Rio de Janeiro naquele dia, resolvi ligar para a franqueada e perguntar se ela estava precisando de algo e se tinha alguma dúvida sobre a operação, visto que os números já diziam que sim. Para minha surpresa, ela me revela que o agiota de quem ela tinha recebido o dinheiro, para abertura da unidade, estava pressionando para receber e o que ela tinha recebido até aquele dia havia usado para pagar a mãe, por uma dívida de compra de um apartamento.

Para variar, a desgraça estava pouca, quando no mesmo dia a franqueada quiosque do Rio de Janeiro me liga e diz que vai inaugurar naquele dia, mas que o shopping não estava deixando o pessoal da marcenaria instalar o quiosque e nem ela entrar com os produtos. Foi um dia tenso. Liguei para o shopping do Rio de Janeiro e perguntei ao pessoal da administração, eles me disseram que ela não poderia entrar porque não tinha fechado negócio com o ponto. Retornei a ligação para a franqueada, querendo saber o porquê de ela não ter assinado com o shopping, ao que ela me respondeu que tinha “fechado de boca”, que a palavra dela bastava e que depois que entrasse no shopping assinaria o contrato.

Querido leitor, se estou escrevendo este livro é prova que meu coração é muito forte e aguenta emoções e bizarrices tamanhas, como este caso. Deixei ambos os casos com o jurídico da empresa e foquei na loja do Rio de Janeiro.

Quando retornei da minha volta da respiração e retomada da saúde, depois da notícia que a arquiteta tinha sumido com a verba do franqueado, passei a ele que assumiria a obra e tudo que precisasse para que inaugurasse em quinze de dezembro. Ali no shopping, naquele dia, eu conheci, por meio de um contato que tinha, um empreiteiro que fazia essas casas relâmpago dos programas de TV e um arquiteto que é meu amigo até hoje e desenvolve os projetos quiosques das nossas marcas. Sentei-me com eles no mesmo café e, com o franqueado, disse: “Me coloquem esta loja de pé em até noventa dias, custe o que custar”. Todo mundo se animou, porque naquele momento era a hora de arrebentar o orçamento e ganhar uma boa grana. Para a minha surpresa, o arquiteto não me cobrou nada e disse que estava fazendo de coração, pois queria estreitar o relacionamento com a gente e seguir nos próximos projetos, uma vez que acreditava na marca e no modelo de negócio. Eu agradeci e voltei para São Paulo.

Chegando em São Paulo, me reuni com a Tati para falarmos sobre a loja, somente ela, pois seria a minha última tacada, se não desse certo eu não faria mais nada e pararia por ali mesmo o sonho, de colocar em pé a próxima e maior rede de presentes do planeta. Eu contei tudo a ela, fizemos um levantamento das despesas para colocar a loja em pé e seguir em frente com o sonho.

No dia seguinte, eu lhe disse: “Será possível administrarmos a loja do Rio de Janeiro, sendo a primeira da rede de tão longe assim?” Ela olhou para mim e disse: “Você quer fazer o que?” Sem pestanejar, respondi: “Vamos nos mudar para o Rio de Janeiro!” Ficamos alguns minutos em silêncio e, balançando a cabeça, concordamos que seria a melhor coisa naquele momento, mesmo porque o GrupoM8 estava sendo muito bem administrado por outros colaboradores e a empresa não precisava da nossa presença “full time”, naquele instante. Até porque estaríamos a uma hora de avião de São Paulo.

Pensamos, vamos mudar para onde: para a Barra? Copacabana? Gávea? Eu disse: “Não, vamos para Búzios, uma cidade de pescadores, com vinte mil habitantes, muita paz, sol, um mar maravilhoso e o carioca, descolado e amigo. Vamos mudar para uma casa bacana, de frente para o mar, com um barco grande na porta de casa e o restante vamos conquistando devagar”.

A Tati é uma pessoa que se você fala para ela: “Oi, vamos mudar amanhã para o Japão”, ela arruma as malas no mesmo dia. Muito legal, este é um dos motivos pelo qual estamos juntos há mais de vinte anos, desde março de 1996!

Depois que ajustamos os detalhes na empresa, os dias se passaram, a obra no shopping do Rio de Janeiro estava indo de vento em popa, e nossa vida financeira estava legal, bem como o Enrico estava muito bem, com uma saúde de ferro e bem animado para mudar, mesmo não sabendo o que era mudar.

Em quinze de agosto, de 2011, aportamos em Búzios às seis horas da manhã. Parecia um outro mundo, cadê os semáforos? Cadê aquele mundo de gente pra lá e para cá? Cadê o escritório? Cadê os prédios? Eu estava no céu e não sabia, bom, sabia! Na semana seguinte em que nos mudamos, já estávamos adaptados, mas com aquela sensação de férias. Para quem não conhece Búzios, eu indico que vá pelo menos uma vez na vida, mas tome cuidado para não ficar por lá e largar tudo, essa é a vontade que dá, assim que você chega lá. Búzios foi um divisor de águas em minha vida. Lá fiz muitos amigos, tive outros negócios, fui feliz de verdade. Mas como a vida de empresário não para, tive que sair de lá em 2015, especificamente em 20 de abril, pois estávamos em uma outra etapa das redes de franquia e precisava estar em uma cidade média, que me desse uma certa estrutura para continuar administrando todas as empresas que estão ligadas ao GrupoM8. Então resolvemos mudar para Jurerê Internacional, em Florianópolis, SC.

Dias se passaram e marquei uma reunião com o franqueado da loja do Rio de Janeiro, capital. Chegando lá, ele me apresentou seu filho, que tinha a cara da marca e o perfil ideal para atendimento ao público. Muito bonito, simpático e prestativo. Em nossa reunião, prestou atenção em tudo, fez muitas perguntas pertinentes e estava pronto para tomar a loja para ele e encabeçar o início da rede, como máster franqueado.

A obra estava indo muito bem, obrigado, e estávamos perto da inauguração. Lembro-me como se fosse hoje, 14 de dezembro de 2011, chegamos a loja, o diretor de expansão e eu. Conferimos o estoque dos fornecedores homologados, pois é obrigatório por contrato, comprar apenas deles, o sistema, o material de apoio, e começamos a arrumar a loja, de acordo com o manual técnico de organização e métodos que tínhamos desenvolvido. Juntamo-nos nós dois, mais o filho do franqueado e a sua esposa, que até aquele momento estava ali só para ajudar e ver como tudo funcionava. Fomos embora no final da noite e deixamos a loja pronta para inaugurar no outro dia. Eu, particularmente, não costumo ir em inauguração porque acredito que aquele momento seja do franqueado e da sua família.

No dia seguinte, os resultados não poderiam ser outros a não ser o sucesso em vendas e a felicidade dos clientes em ter uma loja tão diferente, possibilitando a compra de itens jamais vistos por aí. Modéstia à parte, nós escolhemos os itens e fornecedores um a um, com foco na venda e na lucratividade instantânea, pois acreditávamos que esse seria o diferencial para termos sucesso, quando fôssemos expandir como rede.











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